Segundo o Ministério da Saúde, em números absolutos, foram assassinados no Brasil 8.700 crianças e jovens de zero a 19 anos em 2005
De acordo com dados reunidos entre janeiro de 1999 e janeiro de 2009 pelo Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia), do Ministério da Justiça e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), pais e mães figuram entre os principais violadores dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil. A mãe aparece em primeiro lugar, em 228.443 denúncias e o pai em 198.614. Já o padrasto figura em 17.376 casos e a madrasta em 4.020. O Sipia recebe informações de vários Conselhos Tutelares de 21 estados e do Distrito Federal. Pesquisa do Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), da Universidade de São Paulo (USP), revela a ocorrência de mais de 160 mil casos de maus-tratos a meninos e meninas entre 1996 e 2007 em todo o País. Além disso, aponta a existência de uma cultura do silêncio, principalmente na classe média, que limita novas denúncias. "Quanto maior o poder aquisitivo da família, mais velada fica a violência doméstica contra crianças e adolescentes. Quando se mora num apartamento de classe média, a prática de denúncia não existe. Quando há denúncia, é a escola que encaminha", explicou a conselheira tutelar de São Bernardo do Campo, na região do ABC, Vera Lúcia de Oliveira. Na capital paulista, conforme informações desse estudo, pelo menos 307 meninas e meninos morreram vítimas de violência doméstica entre 2000 e 2007. Em números absolutos, foram assassinados no Brasil 8.700 crianças e jovens de zero a 19 anos em 2005, segundo o Ministério da Saúde. Em 1995, eram 5.638 assassinatos. "Qualquer suspeita tem de ser denunciada, senão pode virar óbito", avisa Lígia Vezzaro Caravieri, do Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância (Crami).
[O Estado de São Paulo (SP) – 17/02/2009]
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